COMPORTAMENTO ANIMAL E CONDUTA HUMANA
No mundo animal, os indivíduos realizam suas tarefas vitais e atingem seus objetivos - os de cada espécie - com perfeição, dirigidos pelo instinto, pelo comportamento instintivo.
No mundo humano, os indivíduos realizam suas tarefas vitais e atingem seus objetivos – os próprios e os da espécie - com mais ou menos perfeição, dirigidos pela aprendizagem, a educação, a cultura e as escolhas individuais, pelo comportamento inteligente.
No mundo animal, os indivíduos lutam para sobreviver e se desenvolverem; se agregam, brincam, jogam, ensinam os filhotes; e só brigam por alimento, por lugar na hierarquia do mais forte e pela reprodução - comandados pelo instinto...
No mundo humano, os indivíduos em grupos se esforçam por sobreviver e se desenvolverem; se associam, brincam, jogam, imaginam, escolhem; lutam por garantia de alimento para si os seus e todos, por moradia e segurança, por afeto, associações, identidades, crenças, valores, símbolos... – comandados pela inteligência e pela imaginação, observação, aprendizagem, educação, cultura...
No mundo animal, o sexo é pura reprodução, os indivíduos estão submetidos à
necessidade da sobrevivência da espécie, e seguem uma lei severa: as fêmeas só aceitam os machos no momento fértil de seus organismos; os machos brigam ferozmente entre si para que só os mais fortes possam prestar o serviço à reprodução para perpetuidade e aprimoramento da espécie; nenhum macho estupra filhotes ou fêmeas fora do cio delas; nenhum macho bate, violenta ou mata fêmeas antes, durante ou após o coito... O instinto comanda o comportamento dos indivíduos a serviço da espécie; no mundo animal o sexo não é para entretenimento dos indivíduos.
No mundo humano, não existe o sexo biológico puro; existe a sexualidade para a felicidade e o prazer integral e pleno dos indivíduos que são corpo alma espirito inseparáveis, e para completar o número dos indivíduos predestinados a viram das trevas da inexistência à luz da existência. O comportamento humano deveria seguir sempre a lei do amor altruísta recíproco e da liberdade da consciência iluminada pela inteligência e fruto de uma vontade firme. Os indivíduos humanos, que são pessoas, podem chegar a esse ideal de conduta pela aprendizagem, educação, cultura, espiritualidade, escolha e docilidade à inspiração divina. O comportamento e o relacionamento entre os indivíduos humanos não é dominado pelo instinto cego e opressivo, mas por impulsos e desejos que podem e devem ser guiados pela liberdade e pelo amor recíproco.
HOMENS E MULHERES – SEXUALIDADE.
A condição humana é complexa e ambígua. O encontro humano mais fascinante, e universal, que a é o relacionamento amoroso entre indivíduos, entre pessoas, que pode ser a experiência mais gratificante, integradora e santificante para ambos, pode se deturpar em uma ação criminosa e violenta de uma pessoa contra a outra.
Eu digo, às vezes, que a solidão mais terrível e desesperadora é aquela em que dois indivíduos estão em relações íntimas e um deles sente e pensa consigo mesmo: “esta pessoa não me compreende!!!”
E alguns ainda falam em ‘fazer sexo animal’. Essa fala é ignorante quanto ao comportamento instintivo e um insulto aos animais. Porque o sexo nos animais é totalmente reprodutor e não um entretenimento sem consequências; é um serviço que os indivíduos prestam à espécie.
No mundo animal os indivíduos brigam por alimento, por preeminência na hierarquia do mais forte e pela reprodução. Nenhum macho briga com a fêmea ou força o momento; e nenhuma fêmea aceita o macho fora do seu momento fértil; os machos brigam entre si para o mais forte cobrir a fêmea, essa é a lei do aprimoramento da espécie. No mundo animal, nenhum macho busca sexo com os filhotes, nem estupra, bate ou mata a fêmea após a relação reprodutiva ou por não aceitar a relação.
O ser humano é um mistério e um problema não resolvido de antemão.
Situação 1.
“Meu marido me machuca...”
Uma jovem mulher, esfuziante, mãe de um filho de dois anos, falava muito, ria, repetia as coisas, ria...
“Meu marido me machuca... kkk... Estou p
agando meus pecados, casei com ele porque tinha pernas bonitas. Mas ele me machuca...
“Eu tenho sonhado com outros homens... Tenho medo de ser infiel a ele...
“Ele me machuca... Esses dias, eu estava diante da banca de jornais, olhando as revistas, estava de short, passou um homem e me viu, de costas, e falou “Eh, bicho bom!”... Eu não olhei para ele, mas fiquei excitada... Estou tendo fantasias com outros homens...
“... Estou pagando meus pecados... Estou com medo de trair meu marido...”
Ele falava e ria... Falou por uns 20 minutos...
Após uma pausa, perguntei-lhe:
“Quantas vezes você está no seu momento íntimo com seu marido, e ele faz um movimento brusco, e dói em você, você solta um gemido... e ele pergunta “O que é benzinho?” e você responde “É de prazer!!!...?”
Ela ri, e responde:
“Hiii... isso é mais de mil vezes! ...”
Digo-lhe:
“Nem neste momento, você deve mentir para seu marido... Não finja sensações e sentimentos que você não sente!! Seu marido não quer te ferir e te machucar... Seja sincera com ele, também nesse momento íntimo. O sexo e o prazer sexual é um presente que Deus dá para o casal, mas as pessoas precisam desenvolver auto percepção, sensibilidade, auto disciplina e autocontrole e reciprocidade para aprenderem a desfrutar juntos esse presente...
“A intimidade de um casal é uma arte, ambos têm de ser peritos nesta arte; há necessidade de se aprender e se treinar... É preciso aprender a ter auto domínio, auto controle para se `´E soltar na hora certa, se expressar com alegria e satisfação... O prazer das manifestações íntimas de afeto e de impulsos, contrações e movimentos, para a complementação mútua, e chegar ao clímax, ao orgasmo, os dois juntos, é uma arte e uma virtude que exige pureza, espontaneidade, auto disciplina, castidade... Um tem que se controlar e esperar o momento propício de ambos, do parceiro e da parceira... E isso se aprende e se treina, como nos passos de uma dança... É como um balé íntimo, erótico... E isso, na perfeição do humano de ambos, é que louva o Criador que os quis um presente um para a pessoa parceira.
“A pureza é uma atitude da mente e do coração de forma a considerar tudo como dom de Deus. Mas a castidade é uma capacidade de autodisciplina e autocontrole, também neste momento. Inclui, sim, fidelidade, autodomínio, renúncia a outras propostas, a tentativas de seduções por terceiros... etc. Mas a castidade, envolve a arte da intimidade... E é uma criação e um exercício de cada casal.
“E você precisa reeducar sexualmente o seu marido, Ele, talvez aprendeu com outros homens, aprendeu apenas e buscar e satisfazer sua própria ânsia de prazer e de satisfação, sem atenção e sensibilidade para com o parceiro ou parceira. Talvez, habituou-se a apenas estuprar o parceiro ou parceira... Você precisa reeducá-lo. Mas para isso, você precisa primeiro reeducar-se sexualmente a si mesma. Você precisa conhecer seu próprio corpo, e suas zonas de prazer. De excitações e satisfação... E, também nesta questão, cada pessoa pode ser diferente. Você precisa conhecer seu corpo”
A Geografia do corpo feminino.
“Vou lhe dizer três exemplos de mulheres. Três moças, maduras, não adolescentes que não se conhecem e não exploraram ainda seu próprio organismo.
“As três jovens eram cristãs e haviam tomado a decisão de não se entregarem ao sexo antes da escolha e entrega mútua diante de Deus, da sua Igreja e da família de ambos. Eu aprendi com elas. Vejam o que me disseram:
“Moça A) -
Uma, jovem professora, noiva, me disse:
“ Que ama o seu noivo... Sente-se muito feliz por que conseguiu sensibilizá-lo pela dimensão religiosa dele. Ele adquiriu com ela o hábito de ir à missa aos domingos. Disse que gostaria de ser mais bonita, para que os outros rapazes não praticassem bullying, gozação contra o seu noivo dizendo que ‘foi apaixonar-se por um bambu vestido”. Disse que queria ser uma mulher linda para isso não acontecer.
“Disse que beijo na boca com seu noivo era para ela uma expressão de afeto e ternura que não se sentia muito excitada. Mas que ela não deixava ele abraçá-la no ombro, quando caminhava com ela. Ela sentia o corpo dela unido ao dele e sentia-se muito excitada. Então ela não deixava ele fazer esse gesto, não porque não gostasse; mas exatamente por que gostava muito. E ele sabia porque ela não deixava. E aceitava”
“Moça B) -
Outra jovem, estudante de engenharia, no quinto ano da Universidade.
Tinha um namorado. Mas, ele queria muito beijá-la, este beijo profundo, de língua, mas ela não aceitava. Para ela esse tipo de beijo, a excitava muito. Por isso ela não aceitava.
“Moça C) -
Outra moça, jovem madura, era do grupo, de jovens da Paróquia.
Gostava muito de bailes, danças, mas não admitia que os rapazes, ao dançar, 'colocassem as mãos no seu ombro, e cruzassem as mãos na sua nuca. Ela tinha um a grande sensibilidade e sentia um frio descer pela espinha e ficava muito excitada. Por isso, não deixava que seus parceiros de dança fizessem esse gesto.
“O que quero lhe dizer com esses três exemplos?
Que em cada uma delas, seu organismo reagia diferentemente. Então, você deve descobrir a sensibilidade do seu organismo, você precisa explorar e conhecer, como que o seu ‘ponto fraco’, a parte do seu corpo mais sensível ao toque carinhoso do seu marido, e, nos seus momentos de intimidade, conduzir a mão dele ou os gestos dele para a parte do seu corpo que a predispõe para a entrega total, para o prazer íntimo. Esta é a arte do casal. Você e ele conversarem sobre isso. Ele precisa conhecer seu organismo.
Mas ele só o conhecerá se você lhe mostrar, e o fazer sentir e saber... Lembre-se que na bíblia, a relação íntima de amor, a relação sexual, de um casal é chamada de “conhecer”, “o marido conheceu sua mulher e ela engravidou-se”.
“Essa deve ser a arte de casal. Deus os quis um dom e um presente de um para a outra e vice versa! Você e seu marido precisam aprender a desfrutar do dom de Deus para o homem e a mulher, no seu amor de esposo e esposa... "Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne (Gn 2,24)"...
Situação 2
“Cale a boca! Para mim você sé serve daqui para baixo!”
Ela era uma mulher, jovem, madura, tinha três filhos, professora e universitária.
Uma responsabilidade maternal
Na primeira sessão, ela vivia uma situação familiar delicada e confusa. Do ponto de vista econômico. O marido, um advogado, metido em amizades com políticos, gastava o que não ganhava e não podia.
Ela como professora, precisava ter um carro, para estar pronta para atender um de sus três filhos, que dizia ‘é o meu anjinho’. Naquele tempo em que o telefone fixo era um produto de mercado. Às vezes ela chegava em casa e o telefone estava vendido pelo marido, sabendo que ela compraria outro porque dele precisava.
O marido não admitia uma independência econômica dela, embora a explorasse financeiramente. Ela tinha a oportunidade de comprar uma creche escolar, o que lhe daria uma receita melhor, uma certa autonomia econômica. O marido era contra. E argumentava que ela teria que obedecer a ele.
Eu fiquei impressionado com a solidão desta mulher. E com sua luta para educar seus filhos: uma menina de seus nove anos, bem dotada, um menino bem dotado, de uns três anos, e o seu ‘anjinho’ de vida vegetal com seis anos.
O marido não a ouvia, não dava atenção às suas opiniões. Dizia-lhe com frequência, também em situações sociais: “Cale a boca! Para mim você só serve daqui para baixo” (pondo as mãos no queixo, indicando do pescoço para baixo). Ela ficava toda envergonhada, e vexada!
Ela me procurou, em busca de uma orientação se podia desobedecer ao marido e fazer essa aquisição a que ele se opunha.
O meu parecer era de que sua pretensão era razoável, possível, ética e de que não era contrário à sua condição de esposa cristã, opor-se nesta questão à posição machista e autoritária do marido.
A relação conjugal
Aproximadamente um mês, depois, ela me procurou, desta vez para analisar, discutir e refletir sobre a relação conjugal.
O seu marido possuía uma atitude machista, autoritária, íntima e socialmente abusiva.
A explorava financeiramente, a desrespeitava socialmente.
Ela sentia-se muito tolhida e ofendida. A expressão “Você para mim só serve daqui para baixo”, que a humilhava intensamente, era frequente. Uma vez, até saindo de um estacionamento, ela sugeriu algo a ele, e ele disse a tal expressão e fez o tal gesto, na presença do guarda; ela ficou arrasada em seu sentimento de dignidade.
A expressão e o gesto eram frequentes, também em reuniões sociais e com familiares. Ele era o machão e ela o seu objeto de uso. Ele a esnobava e se gloriava por desfrutar dela “daqui para baixo”. Ela não era respeitada como uma pessoa com quem se relaciona.
Ao falar, eu a ouvia, ela pode refletir e compreender algumas coisas. E como agir e reagir, dentro de seus valores e critérios éticos pessoais. E como responder, como saber que sua autonomia, comportamento e importância era ela que a possuía por sua dignidade própria. Que tais atitudes e expressões do seu marido depunham contra ele mesmo, contra sua própria dignidade dele; era indigno de um homem, - educado, sensível, sensato, maduro e ético, - agir como ele agia.
No fim da sessão, despedimo-nos, dei-lhe um abraço, e a reação dela foi inesperada por ela mesma e por mim. Sentiu-se muito emocionada, começou a rir, sentou-se e disse que não podia sair, rindo, rindo...
Disse-me que pensava que era doente, que era fria; pois o marido sempre dizia que ela era fria. Que precisava se tratar. Disse que tratou-se com um psiquiatra em BH, por um ano. O médico disse-lhe que ela era normal. Quem era doente, era o marido. E que propôs a ela provar-lhe isso, indo a um motel com ela... Ficou revoltada e interrompeu o tratamento...
E agora... o que aconteceu com ela? E ela ria... ria...
Ela não havia se referido a esse problema específico dela.
Aguardei uns instantes, e disse-lhe:
“Está bem! Podemos ser amigos, embora eu padre e ela uma mulher cristã, dentro das normas e limites éticos de nosso estado.
“Mas vamos compreender o que aconteceu com você, e entre nós dois. Eu, apenas, a ouvi por duas vezes... Você falou seus problemas, suas angústias, seus sofrimentos com o filho, e com o tratamento que recebia do marido, de seus projetos, estudando pedagogia e agora empresária...
“O que eu fiz, para seu corpo, seu organismo reagir? Apenas a escutei e tentei compreender...
"Então, agora, toda vez que você ouvir de novo esta expressão: “Cale a boca! Você para mim só serve daqui para baixo!”, você pode ter outra atitude, sua resposta e reação pode ser assertiva e firme e dizer, no mesmo tom e socialmente, para o entorno ouvir: “Mas uma coisa que você não sabe é que a chave que abre daqui para baixo está daqui para cima!!!!”
“Numa séria e honesta conversa, a dois, você até poderia dizer ao seu interlocutor, que lhe mandava calar a boca, porque só queria seu corpo, como um objeto para se masturbar com ele; e não queria sua pessoa, sua inteligência, sua sensibilidade, porque temia sua superioridade intelectual e moral; você poderia ter dito a ele, eu também me julgava doente, sexualmente fria, porque não sabia que a chave que abre daqui para baixo estava daqui para cima... Conheci uma pessoa que mostrou-se empática comigo, me escutou, me ouviu, compreendeu minhas lágrimas, minhas dores e minhas raivas contidas, ele olhou meus olhos e viu minhas lágrimas, ele viu meus lábios que falavam e sorriam, ele simplesmente me ouviu... E aconteceu que daqui para baixo estava vivo e queria se expressar... se encontrasse um parceiro à altura...”
Situação 3
Ela era uma jovem e bela mulher, estava com 2 crianças.
Disse amar seu marido e pai das meninas. Mas estava separada dele.
Seu relacionamento íntimo com o marido, não estava satisfatório, nem para ele nem para ela.
Ele reclamava, e na sua incapacidade de autocontrole e no seu desconhecimento da mulher, dizia “Você não é mulher para um homem só... veja, eu estou suando... não posso mais... não aguento...” Ela sentia-se ofendida, como se ela teria que ser prostituta.
O desajustamento íntimo entre o casal se manifestava pelos fatos: enquanto, para ela, seu organismo estava nos toques e carícias iniciais, nos preliminares como que em aquecimento... ele, se apressa, não se contém, a penetra e ejacula, já havia se esgotado no orgasmo; assim, ele experimenta o seu clímax do orgasmo físico e seu organismo deseja é o relax e o sono, enquanto ela está ainda nos preliminares, continua tocando-o e acariciando-o, querendo mais e mais... e isso o irrita...
Então ele diz as palavras que a ofendem moralmente, como se ela tivesse de ser de muitos homens e não de um só.
Era uma situação de desconhecimento e ignorância de ambas as partes, o que causou o desajuste na harmonia íntima do casal que se amava. Ela teria de compreender melhor suas verdadeiras necessidades e desejos de seu organismo, para poder ser uma eficaz reeducadora do seu parceiro íntimo, ajudando-o a segurar sua parte, ter autocontrole, e esperar o momento do clímax para ambos. Essa a arte de cada casal, que ambos com sensibilidade por si e pela pessoa parceira, precisam criar uma forma única e só deles de se encontrarem consigo (corpo alma espírito) e com a pessoa parceira (seu corpo alma espírito), a arte do encontro e da reciprocidade nos jogos íntimos do amor, dom de Deus para o casal, dom e tarefa. Deus é relação de amor em pessoas. O humano ser é sua imagem e semelhança.
Situação 4
Sexo e afeto
Um senhor, - católicos ele e a mulher, orientadores de curso para noivos, - usava uma expressão que eu julgava um pouco simplista e reducionista.
Mas é interessante ouvir o que ele dizia aos futuros casais, sobre o ajustamento e a harmonia íntima:
“O que o homem quer é o sexo; o que a mulher quer é o afeto. Então, os dois fazem um negócio para cada um ter o que deseja e ficarem ambos satisfeitos: o homem para ter o sexo, ele dá o afeto; e a mulher para ter o afeto, ela dá o sexo.”
Eu achei, uma psicologia meio simplista e reducionista. Creio que tanto o homem como a mulher querem “afeto e sexo”, afeto com sexo e sexo com afeto, ambos querem estima, reconhecimento, atenção, respeito, carinho, cuidado... em todas as dimensões de suas personalidades.
Prefiro a antropologia bíblica, em que os seres humanos são constituídos de corpo alma e espírito, e são corações e mentes. Eles precisam crescer e se harmonizarem nesses três níveis, o do corpo (sensações, percepções e movimentos), o da alma (afetos, emoções, sentimentos e lembranças) e o do espirito (inteligência, beleza, estética, espiritualidade); e coração e mente, autoestima, com conhecimento recíproco, autocontrole, autodisciplina, atenção às sensibilidades, necessidades e desejos de ambos, isso é a virtude da castidade.
Sou de opinião de que os homens que só fazem sexo com suas mulheres, e para isto eles se dispõem a dar afeto, não por afeto, mas para ter o sexo; eles vão procurar afeto, ternura, consolo, compaixão em outros colos...
Sugestões para concluir esta partilha:
O que diz a Bíblia?
O que diz a Igreja Católica?
O que diz a arte?
O que se aprende com a experiência e a cultura?
A Bíblia:
A Bíblia descreve a relação de Deus com o seu povo como uma aliança matrimonial: “o teu Criador será o teu esposo!”. Sobretudo o profeta Joel insiste nesta temática. E caracteriza a infidelidade religiosa, à aliança com Deus, e conduta moral de injustiça e exploração do próximo, como um
adultério (Jr 3).
O livro Cântico dos Cânticos descreve uma busca apaixonada da amante por aquele que sua alma ama.
Os textos bíblicos indicados no Ritual do Matrimônio mostram a relação homem mulher segundo os desígnios do Criador.
Da primeira aliança (AT):
Gn 1,26-28.31a; Gn 2,18-24; Gn 24,48-51.58-67; Tb 7,6-14; Tb 8,4b-8; Pr 31,10-13.19-20.30-31; Ct 2,8-10.14.16ª; 8,6-7a; Eclo 26,1-4.16-21; Jr 31,31-32a.33-34a;
Da segunda aliança (NT):
Rm 8,31b-35.37-39; Rm 12,1-2.9-18; Rm 15,1b-3a.5-7.13; 1Cor 6,13c-15a.17-20; 1Cor 12,31 – 13,8a; Ef 4,1-6; Ef 5,2a.21-33; Fl 4,4-9; Cl 3,12-17; Hb 13,1-4a.5-6b; 1Pd 3,1-9; 1Jo 3,18-24; 1Jo 4,7-12. Ap 19,1.5-9a;
Salmos responsoriais:
Sl 32; Sl 33; Sl 102; Sl 111; Sl 127; Sl 144. Sl 148
Evangelhos:
Mt 5,1-12a; Mt 5,13-16; Mt 7,21.24-29; Mt 19,1-6; Mt 22,35-30; Mc 10,6-9; Jo 2,1-11; Jo 15,9-12; Jo 15,12-16; Jo 17,20-26
A Igreja Católica:
“A Alegria do Amor” (Amoris Laetitia), Papa Francisco.
A arte, a literatura:
A arte, a música, a dança, o balé, a pintura, sobretudo a literatura, descrevem toda a riqueza e beleza do amor humano, homem e mulher, e a família.
Quero, apenas, citar Hermann Hesse, em seu romance, Sidarta, (Record, SP, 2006) em que o samana, um asceta do deserto, que só sabia “pensar, esperar, jejuar e fazer versos” (p 73) foi iniciado nas artes do amor pela bela cortesã Kamala:
“A Sidarta que, em matéria de amor, era ainda menino e tendia para lançar-se cegamente, com apetite insaciável, ao gozo, como que num abismo, ensina ela, desde os princípios, o fato de que não se pode recebe prazer sem dar prazer; que cada gesto, cada carícia, cada aspecto, cada parte do corpo esconde em si um segredo cuja descoberta causará delícia a quem a fizer. Dela aprendia Sidarta que os amantes não devem separar-se após a festa do amor, sem que um parceiro sinta admiração pelo outro; ...” (p 82)
A psicolologia, um psicólogo humanista:
“A Arte de Amar”, Eric Fromm, Ed Itatiaia, BH, 1995
Frei Basílio de Resende ofm
Sylvério Bosco de Resende
Noviciado São Benedito, Montes Claros, MG
28 de maio de 2024
Paz plena. Mesmo não sendo psicólogo e nem psiquiatra, passei a estudar o ser humano a partir do início de 1980. Para entender bem se eu sou a pessoa certa para auxiliar a uma outra pessoa, então desenvolvi um sistema de terapia, que dei o nome de "Terapia do Espelho". Por meio dessa terapia eu consigo analisar o outro rapidamente sem que ele sinta que está sendo analisado. Sempre digo que a felicidade plena entre os cônjuges depende da sinceridade, honestidade, respeito, confiança e fidelidade plena entre os cônjuges. Um cônjuge pode ser plenamente fiel ao outro, mas se não confiar no outro nunca irá ser plenamente feliz.
Paz plena. Frei Basílio, gostei muito desse texto seu. Para mim sobressaiu a "Situação 2". Existem coisas bem diferentes nos seres humanos e na realidade não existe um ser humano igual a outro, pois cada um tem a sua específica e quase eterna caminhada evolutiva cósmica. Passei a compreender muito bem a mim mesmo e aos outros, após ter aceita a verdade das vidas sucessivas.