Fala-se com frequência em A PEDAGOGIA DE EMAÚS : Jesus toma a iniciativa, faz o caminho dos caminhantes, como incógnito, escuta o que falam, se interessa pelo que estão falando, pergunta "de que vocês estão falando, no caminho?", o que aconteceu? e então começa a explicar pelas Escrituras o que estava dito sobre o Cristo; ao chegar em casa, espera ser convidado, faz de conta que vai adiante, ao ser convidado ele entra e toma a iniciativa de partilhar o pão, uma função do dono da casa. Ele é o dono, de nossas existências, Ele caminha conosco, Ele conhece nossas dores, nossos sofrimentos, nossas derrotas, nossas decepções... Mas ele quer que nós as expressemos, que nos as relatemos... Ele explica as Escrituras, faz um sinal, parte o pão... e desaparece. Mas está sempre presente, atuante, operante com seu Espírito, com o Paráclito, o Consolador.
Terceiro Domingo da Páscoa, Ano A (Lc 24,13-35)
Homem! Mulher!
o Cristo caminha com você...
e você não O reconhece...
Na Palestina, há ao menos quatro lugares que poderiam ser a localização de Emaús. E os próprios manuscritos autênticos variam entre “60 estádios” ou “160 estádios” a distância de Jerusalém.
Maravilhosa imprecisão: Emaús, é em toda parte onde uma pessoa “camé inha com Jesus”, muitas vezes sem o saber. Não é muito frequentemente o nosso caso?
Deus está presente por toda parte onde estamos, mas incógnito, discretamente: “No meio de vós está alguém que vós não conheceis”, já dizia João Batista (Jo 1,26). Sim, Jesus está a caminho convosco “até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
O Evangelho de hoje nos revela como reconhecer Jesus vivente em nosso caminho. Há dois meios indispensáveis, sublinhados pela utilização do mesmo verbo ‘abrir’, (dianoigein) em grego: Jesus abre o espírito à inteligência das Escrituras (v 32)... e os olhos dos discípulos se abriram quando Jesus partiu o pão (v 31).
A Escritura... o primeiro meio
para reconhecer Jesus em nosso vida.
Em toda vida humana, um dia ou outro, nos acontecem grandes decepções, fracassos. Jesus não se encontra fora de nossa vida, em outros lugares... Ele está lá, oculto, perto de nós, no coração mesmo de nossas fragilidades.
A gente pode saber tudo sobre Jesus e não O reconhecer verdadeiramente. Ele continua escondido, como se Ele estivesse ausente... e, no entanto, Ele está lá!
Os dois caminhantes de Emaús, estavam desencorajados. E, no entanto, eles sabiam tudo sobre Jesus: originário de Nazaré, homem-profeta, poderoso em obras e em palavras, tendo pregado e feito milagres, condenado à morte pelos chefes de Jerusalém, crucificado, colocado no túmulo... Eles, então, são capazes de relatar todo o Evangelho!
E até mesmo sabem que o túmulo foi encontrado vazio pelas mulheres e que esse fato foi também verificado por homens! E sabem mesmo que um mensageiro do céu, um anjo, disse que Jesus está vivo. Eles, então, recitaram o Credo de cor. O conteúdo da fé foi formulado perfeitamente.
O que faltou para que eles “reconhecessem” Jesus, para que seus corações se tornassem “ardentes”?
- A fé! E Jesus lhes disse primeiro: “Ó espíritos sem inteligência e corações lentos para crer!”. Depois Ele lhes “abre” a Escritura, partindo de Moisés e de todos os profetas. Jesus não tem outros fatos a lhes ensinar: mas Ele lhes propõe uma interpretação, Ele faz uma homilia que projeta uma outra visão sobre os fatos da vida. É isso que se chama, às vezes, uma ”re-visão de vida”, uma ressignificação.
Muitas vezes, assim, nós temos de progredir num conhecimento mais profundo de Jesus. Aqui, por exemplo, a progressão é bem claramente notada por Lucas. Os dois homens começam pelo nível elementar: “Jesus de Nazaré” (v 19). Depois, Jesus mesmo os introduz a um aprofundamento: “o Cristo” (v 26). Enfim, no término da descoberta, com a comunidade reunida em torno de Simão Pedro, eles proclamam: “Ele é Senhor” (v 34). Mas esse reconhecimento progressivo da identidade de Jesus se reflete em um progresso mesmo na formulação da ressurreição. No início, a primeira aproximação é ambígua: “Ele está vivo” (v 23). Isso poderá fazer crer que Jesus retomou a sua vida cotidiana, como Lázaro... Depois Jesus, então, vai mais longe ao lhes revelar: “Ele entrou na sua glória” (v 26)... E a última formulação mais completa é dita em comunidade: “Ele ressuscitou” (v 34).
No entanto, é necessário admitir, a Escritura não basta. Há um passo suplementar a ultrapassar.
A fração do pão...
segundo meio para reconhecer Jesus.
É somente por ocasião do rito eucarístico, quando Ele “diz a bênção”, que os seus olhos se abriram totalmente. Nesse momento, notemo-lo, o relato se torna uma liturgia e o convidado se transforma no celebrante... o hóspede toma o papel do chefe da casa: “Ele toma o pão, pronuncia a bênção, parte o pão e lhes distribui” (v 30).
Muitas pessoas de hoje, homens e mulheres, estão prontos a admitir a doutrina de Jesus e a seguir seu Evangelho. Permanecem, no entanto, na entrada, enquanto eles e elas não aceitam receber o Pão que Jesus gostaria de lhes partir.
A verdadeira descoberta do Cristo vivo só pode se fazer totalmente acolhendo sua Palavra... e seu Pão...
(Do livro “Les Entretiens du Dumanche”, Noel Quesson, Troisiême Dimanche de Pâques, Anée A, ‘Droguet-Ardant, 1991, p. 72-74. Tradução de Frei Basílio de Resende ofm)
Paz plena. Vive conscientemente o meu encontro real com Jesus nos dias 25 e 26/11/1983, mas os teólogos não conseguiram compreender tudo o que passei a viver.
Paz plena. Quando leio uma homilia como essa fico sempre pensando como é difícil explicar para padres e teólogos o que passei a viver após janeiro de 1980. Eu falei para um dos meus professores no dia 10/01/1980: "Frei, eu encontrei o Reino de Deus!" Ele nada compreendeu e ainda me tachou de doente mental.