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Foto do escritorFrei Basílio de Resende ofm

PROJETO "PARTILHANDO O DOM DA VOCAÇÃO"

(Foi-me solicitado pelo serviço provincial da pastoral vocacional que respondesse a algumas perguntas. O objetivo é apresentar para jovens em busca de um discernimento vocacional, a vivência e experiência de alguns de seus irmãos mais velhos. Vou colocar aqui, neste espaço, as perguntas e minhas respostas)




PROJETO PARTILHANDO O DOM DA VOCAÇÃO



Perguntas: .

1. Como você sentiu o chamado de Deus para iniciar a caminhada religiosa?


Creio que Deus me chamou à caminhada religiosa, me fazendo nascer numa família cristã, numa cultura católica de um ambiente rural de Minas, no Campo das Vertentes.


Estando na proximidade com os Frades do Colégio Santo Antônio, de São João Del Rei, fui levado a acompanhar primos e meus irmãos mais velhos e ingressar no Seminário Seráfico Santo Antônio, em Santos Dumont.


Com 18 anos, ao ler o livro “Deus e os Homens”, de Pierre van der Meer de Walcheren, editora Agir, me foi dada a noção de Deus, como um ser pessoal que criou o mundo e as pessoas, ao qual eu poderia amar e servir - e por quem ser amado, - mais do que a uma mulher, decidi ingressar na Ordem dos Frades Menores.


2. Ao iniciar o acompanhamento vocacional quais foram as suas expectativas e anseios?


Ao ingressar no Seminário, com 12 anos, em 1950, minhas expectativas e anseios eram estudar até pelos 16 anos.


Não pensava em ser Frade ou Padre; vivia o sentimento religioso, com as fantasias, sonhos e descobertas de um adolescente entre outros, na rotina e nas pedagogias do internato.


3. Por que você seguiu o chamado vocacional na Ordem dos Frades Menores?


Em novembro de 1955, eu cortava o cabelo de um Frade que vivia e trabalhava no Seminário, e ele me falava de um livro que lera e quis me emprestá-lo, “Deus e os Homens”.


Era a história da conversão do autor e sua família, numa época de grave crise de sentido para a vida e o mundo, no entre guerras mundiais. O livro causou uma revolução mental em mim.


Creio que Deus usou este encontro com o Frade e o livro - como mediação - para me mostrar um outro horizonte na vida e me chamou a si e ao seu plano para o mundo e os seres humanos.


Em setembro, eu havia falado com o Diretor Espiritual que não voltaria das férias para o Seminário no ano seguinte; que iria me casar, entrar para a política e mudar o que estava errado no Brasil (afinal, todo adolescente - em suas fantasias onipotentes - acha que vai fazer feliz uma mulher e mudar o mundo). Ele me havia dito: “Muito bem. O Brasil e a Igreja precisam de bons leigos e bons pais de família.”


E, então, um mês depois, vem aquele encontro com o Frade e o livro. O efeito do livro em mim foi tal que voltei ao Diretor Espiritual e perguntei: “Se eu quiser voltar para o Seminário, os senhores me aceitam?” Ele respondeu: “Sim. Você é quem queria ir embora”.


4. O que mudou na sua vida depois de entrar e iniciar o acompanhamento vocacional na OFM?


Mudou muito, porque tive uma sólida formação intelectual, humana e cristã:

  • aprendi a disciplina e o gosto pelos estudos e pelas leituras;

  • experimentei a alegria e as emoções de boas amizades;

  • fui iniciado nas vivências e descobertas do sagrado, do belo que é Deus mesmo, e do que Ele criou - no amadurecimento da fé na mistagogia da liturgia e no testemunho de vida;

  • aprendi a alegria de amar e de ser útil, a gostar de viver e de conviver, a gostar de estar só comigo mesmo e de estar com as pessoas e interagir com elas.


5. Se pudesse resumir essa experiência em apenas uma palavra, qual seria?

Resumo em três frases:


Deus é belo.

Deus é amor.

O ser humano - se o quiser - pode ser uma epifania da beleza e do amor de Deus para as outras pessoas e para o mundo.


6. Qual a mensagem que você deixa para um Jovem vocacionado?


  • Seja sincero e honesto com você mesmo.

  • Seja sincero, honesto e generoso com as outras pessoas.

  • Ame a beleza e o amor de Deus refletidos nas coisas, nas pessoas, nas artes, na música, na poesia.

  • Ame o Deus mesmo: o inconcebível, o inefável, misterioso, invisível, belo e amoroso; o Deus Trino e Uno: Pai, Filho, Espírito Santo; o Deus de Jesus Cristo, amado por São Francisco de Assis.

Frei Basílio de Resende ofm

E-mail: freibasilioofm@hotmail.com

Blog: freibasilioderesende.org

Noviciado São Benedito, fevereiro de 2021

Montes Claros – MG


E-mail, enviando o texto, dia 15 de fevereiro de 2021:

Frei José Bandeira

Bom dia! Paz e Bem!

Aqui, em anexo, vai o texto "Partilhando o Dom da Vocação".

Creio que ficou um pouco extenso. Mas, pensei, se é partilha de experiência pessoal, embora de uma época distante, tem a utilidade de um depoimento histórico.

Eu ingressei no Seminário Seráfico Santo Antônio, em Santos Dumont, aos 12 anos, em 1950. Lá eu fiquei até 1956, cursando os 4 anos do Ginásio e os 3 do Clássico; era essa a nomenclatura de então.

Fale com o Frei Adenilton, que se o texto não se adequar ao projeto específico em vista, pode deixá-lo de lado.

Bom trabalho!

fr. basílio


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1 Comment


rosariopazplena
rosariopazplena
Dec 18, 2021

Paz plena. Basílio, um grande abraço. Gostei muito de ler o seu relato sobre a vocação. Até aprendi o sentido da palavra "mistagogia". Deus e a Trindade deixou de ser mistério para mim nos anos de 1980 a 1984, pelas experiências que passei a ter e a viver, algo muito pessoal e pleno de explicações.

No meu caso digo que só deixei o objetivo de seguir a vida religiosa, após o conselho que recebi do meu padre mestre por volta de agosto de 1967 para procurar uma namorada, pois no final do meu noviciado e antes de fazer os votos simples, ele não aceitou que eu ficasse no convento sem ter que ler em público, isso foi por volta de…

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