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SE / IF / SI de Rudyard Kipling

SE

Rudyard Kipling [tradução Guilherme de Almeida] LP Paulo Bonfim, Guilherme de Almeida. gravadora RGE. selo Prosa e Poesia, 1989. Poema “Si” | “If”, de Rudyard Kipling.

Se és capaz de manter tua calma, quando, todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa. De crer em ti quando estão todos duvidando, e para esses no entanto achar uma desculpa. Se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso, Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais, nem pretensioso. Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires, de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores. Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires, tratar da mesma forma a esses dois impostores. Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas, em armadilhas as verdades que disseste E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas, e refazê-las com o bem pouco que te reste. Se és capaz de arriscar numa única parada, tudo quanto ganhaste em toda a tua vida. E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida. De forçar coração, nervos, músculos, tudo, a dar seja o que for que neles ainda existe. E a persistir assim quando, exausto, contudo, resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste! Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes, e, entre Reis, não perder a naturalidade. E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes, se a todos podes ser de alguma utilidade. Se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo valor e brilho. Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo, e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!



SE


(Tradução de Vitor Vaz da Silva do poema "IF" de Rudyard Kipling)

Se consegues manter a calma quando à tua volta todos a perdem e te culpam por isso. Se consegues ter confiança em ti quando todos duvidam de ti e aceitas as suas dúvidas Se consegues esperar sem te cansares por esperar ou caluniado não responderes com calúnias ou odiado não dares espaço ao ódio sem porém te fazeres demasiado bom ou falares cheio de conhecimentos Se consegues sonhar sem fazeres dos sonhos teus mestres Se consegues pensar sem fazeres dos pensamentos teus objetivos Se consegues encontrar-te com o Triunfo e a Derrota e tratares esses dois impostores do mesmo modo Se consegues suportar a escuta das verdades que dizes distorcidas pelos que te querem ver cair em armadilhas ou encarar tudo aquilo pelo qual lutaste na vida ficar destruído e reconstruíres tudo de novo com instrumentos gastos pelo tempo Se consegues num único passo arriscar tudo o que conquistaste num lançamento de cara ou coroa, perderes e recomeçares de novo sem nunca suspirares palavras da tua perda. Se consegues constringir o teu coração, nervos e força para te servirem na tua vez já depois de não existirem, e aguentares quando já nada tens em ti a não ser a vontade que te diz: "Aguenta-te!" Se consegues falar para multidões e permaneceres com as tuas virtudes ou andares entre reis e pobres e agires naturalmente Se nem inimigos ou amigos queridos te conseguirem ofender Se todas as pessoas contam contigo mas nenhuma demasiado Se consegues preencher cada minuto dando valor a todos os segundos que passam Tua é a Terra e tudo o que nela existe e mais ainda, tu serás um Homem, meu filho!

IF

If you can keep your head when all about you Are losing theirs and blaming it on you, If you can trust yourself when all men doubt you But make allowance for their doubting too,

If you can wait and not be tired by waiting, Or being lied about, don’t deal in lies, Or being hated, don’t give way to hating, And yet don’t look too good, nor talk too wise;

If you can dream–and not make dreams your master, If you can think–and not make thoughts your aim; If you can meet with Triumph and Disaster And treat those two impostors just the same;

If you can bear to hear the truth you’ve spoken Twisted by knaves to make a trap for fools, Or watch the things you gave your life to, broken, And stoop and build ‘em up with worn-out tools;

If you can make one heap of all your winnings And risk it all on one turn of pitch-and-toss, And lose, and start again at your beginnings And never breath a word about your loss;

If you can force your heart and nerve and sinew To serve your turn long after they are gone, And so hold on when there is nothing in you Except the Will which says to them: “Hold on!”

If you can talk with crowds and keep your virtue, Or walk with kings –nor lose the common touch, If neither foes nor loving friends can hurt you; If all men count with you, but none too much, If you can fill the unforgiving minute

With sixty seconds’ worth of distance run, Yours is the Earth and everything that’s in it, And –which is more– you’ll be a Man, my son – Rudyard Kipling



« If… » SI


« Tu seras un homme mon fils »

La traduction française d’André Maurois suit le texte original en anglais.


Si tu peux voir détruit l’ouvrage de ta vie Et sans dire un seul mot te mettre à rebâtir, Ou perdre en un seul coup le gain de cent parties Sans un geste et sans un soupir ;


Si tu peux être amant sans être fou d’amour, Si tu peux être fort sans cesser d’être tendre, Et, te sentant haï, sans haïr à ton tour, Pourtant lutter et te défendre ;


Si tu peux supporter d’entendre tes paroles Travesties par des gueux pour exciter des sots, Et d’entendre mentir sur toi leurs bouches folles Sans mentir toi-même d’un mot ;


Si tu peux rester digne en étant populaire, Si tu peux rester peuple en conseillant les rois, Et si tu peux aimer tous tes amis en frère, Sans qu’aucun d’eux soit tout pour toi ;


Si tu sais méditer, observer et connaitre, Sans jamais devenir sceptique ou destructeur, Rêver, mais sans laisser ton rêve être ton maitre, Penser sans n’être qu’un penseur ;


Si tu peux être dur sans jamais être en rage, Si tu peux être brave et jamais imprudent, Si tu sais être bon, si tu sais être sage, Sans être moral ni pédant ;


Si tu peux rencontrer Triomphe après Défaite Et recevoir ces deux menteurs d’un même front, Si tu peux conserver ton courage et ta tête Quand tous les autres les perdront,


Alors les Rois, les Dieux, la Chance et la Victoire Seront à tout jamais tes esclaves soumis, Et, ce qui vaut mieux que les Rois et la Gloire Tu seras un homme, mon fils.


Joseph Rudyard Kipling (Bombaim, 30 de dezembro de 1865Londres, 18 de janeiro de 1936) foi um autor e poeta britânico.

É considerado o maior "inovador na arte do conto curto"; os seus livros para crianças são clássicos da literatura infantil; e o seu melhor trabalho dá mostras de um talento narrativo versátil e brilhante.

Foi um dos escritores mais populares da Inglaterra, em prosa e poema, no final do século XIX e início do XX O autor Henry James referiu: "Kipling me impressiona pessoalmente como o mais completo homem de gênio (o que difere de inteligência refinada) que eu jamais conheci". Foi laureado com o Nobel de Literatura de 1907, tornando-se o primeiro autor de língua inglesa a receber esse prêmio.

Kipling tornou-se conhecido (nas palavras de George Orwell) como um "profeta do imperialismo britânico". Muitos viam preconceito e militarismo em suas obras, e a controvérsia sobre esses temas em sua obra perdurou por muito tempo ainda no século XX. De acordo com o crítico Douglas Kerr: "Ele ainda é um autor que pode inspirar discordâncias apaixonadas e seu lugar na história da literatura e da cultura ainda está longe de ser definido. Mas à medida que a era dos impérios europeus retrocede, ele é reconhecido como um intérprete incomparável, ainda que controverso, de como o império era vivido. Isso, e um reconhecimento crescente de seus extraordinários talentos narrativos, faz dele uma força a ser respeitada". Seu poema "If" (Se) é símbolo dos Cadetes da Academia da Força Aérea.

Uma de suas obras o "Livro da Selva" foi adotado por Robert Baden-Powell, fundador do Escotismo como fundo de cena para as atividades com jovens de 7 a 11 anos, denominando os jovens dessa faixa etária como lobinhos.

De acordo com Bernice M. Murphy, "seus pais se consideravam anglo-indianos (termo usado no século XIX por cidadãos britânicos residentes na Índia) como também ele próprio o faria, embora ele tenha vivido a maior parte de sua vida no exterior. Questões complexas de identidade e lealdade nacional foram aspectos proeminentes de sua ficção. O próprio Kipling escreveria sobre esses conflitos aos setenta anos".

Os dias de Kipling de "intensa luz e escuridão" em Bombaim terminariam quando ele tinha cinco anos. Como era o costume na Índia britânica, ele e a sua irmã de três anos, Alice ("Trix"), seriam mandados para a Inglaterra – no caso deles para Southsea (Portsmouth), onde deles cuidaria um casal que recebia filhos de compatriotas britânicos vivendo na Índia. As duas crianças viveriam com o casal, Capitão Holloway e esposa, na casa deles, Lorne Lodge, pelos próximos seis anos.

Em sua autobiografia, escrita 65 anos depois, Kipling lembraria aquele tempo com horror, e se perguntaria ironicamente se a combinação de crueldade e negligência que ele experimentou nas mãos da Sra. Holloway não poderiam ter apressado o começo de sua vida literária:

"Se você interroga uma criança de sete ou oito anos sobre suas atividades diárias (especialmente quando ela quer dormir), ela se contradiz com satisfação. Se cada contradição for tomada como uma mentira no desjejum, a vida não é fácil. Eu experimentei um bocado de intimidação, mas isso era tortura calculada – tanto religiosa quanto científica. Ainda assim, isso me fez dar atenção às mentiras que eu, cedo, achei necessário contar: e isso, eu presumo, é a base do meu esforço literário."

(Fonte Wikepédia)

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